Curso de Pedagogia do Câmpus Jacareí é avaliado com nota máxima pelo MEC
O curso gratuito de Licenciatura em Pedagogia oferecido pelo Câmpus Jacareí conquistou a nota máxima na avaliação do Ministério da Educação (MEC). O objetivo dessa avaliação é identificar as condições de ensino oferecidas aos estudantes. Ela é feita levando em conta três dimensões: Organização Didático-Pedagógica, Corpo Docente e Infraestrutura.
O curso de Licenciatura em Pedagogia permite ao egresso atuar em duas frentes de trabalho: docência e gestão escolar ou educacional, tanto em espaços escolares quanto em não escolares. Portanto, o pedagogo é tanto professor, quanto especialista em educação.
O coordenador do curso de Pedagogia, Luciano Nunes Sanchez Cores, recorda que o reconhecimento obtido pelo MEC é um processo anterior à criação do curso, cujas aulas foram iniciadas em 2018. Ele aponta que a demanda na região pelo curso gratuito de Pedagogia é grande. Hoje, aponta Luciano, o Câmpus Jacareí e o Câmpus Campos do Jordão do IFSP são as duas únicas instituições da região que oferecem o curso de Licenciatura em Pedagogia de forma presencial e gratuita.
Em virtude da defasagem de docentes na educação infantil e no ensino fundamental na rede pública de ensino, o curso do câmpus é focado para a formação de professores que irão trabalhar, prioritariamente, nas escolas públicas.
No IFSP, o futuro professor conhece todas as possibilidades do mercado de trabalho e, para se formar, deve cumprir centenas de horas de estágio obrigatório perpassando pelas séries iniciais, Educação de Jovens e Adultos, Educação Especial, Educação Infantil, Espaços não escolares e Gestão Escolar, além de participar de seminários, estudos curriculares, projetos de iniciação científica, monitoria, projetos de extensão, entre outras atividades.
A carga horária é exaustiva tanto para docentes quanto para alunos, que não deixam se abater diante da realização do sonho pessoal e profissional. “Cursar pedagogia no Instituto Federal de São Paulo, pra mim, é uma grande realização”, resume Luma Gonçalves Silva, aluna de 25 anos do 3º semestre do curso, no período noturno.
Ela conta que há sete anos tenta se formar em universidades particulares na capital paulista, onde vivia. “Mas todas as vezes em que a situação financeira apertava, minha graduação era a primeira a sair da lista de prioridades. Ao longo desses anos, vi meu sonho de seguir carreira acadêmica cada vez mais distante, diante da precariedade da formação nas universidades mais baratas”, observa.
Entretanto, ao se mudar para Jacareí, ela foi aprovada no vestibular do IFSP, em 2020. “Cursei o primeiro semestre em modalidade a distância, devido à pandemia de covid-19, com meu filho recém-nascido nos braços; ainda não tinha noção do quanto minha vida mudaria”, relata.
Quando as atividades presenciais foram retomadas, Luma teve a oportunidade de conhecer a estrutura do Câmpus Jacareí do IFSP. “Quando vi de perto o quanto todo o corpo docente e os demais funcionários da Instituição se importavam com o espaço e, principalmente, com a qualidade da nossa formação, vi as portas da academia se abrindo. Eu me emociono ao falar, porque estar no IFSP — Jacareí significa a esperança de um futuro melhor pra mim, para o meu filho e meu marido, que é agricultor. Mais do que isso, estar no IF ao lado de uma equipe tão comprometida significa esperança na educação, que é a área para qual escolhi me dedicar também”, afirma.
Luma elogia as instalações do câmpus e, sempre que precisa, tem a companhia do seu maior inspirador, o filho Luiz Miguel, de um ano e meio. “Eu nunca precisei levá-lo à aula comigo, apenas em atividades extraclasse, mas todos os professores sempre foram muito compreensivos com as condições que a maternidade impõe para as mulheres e reforçaram que eu posso levá-lo a qualquer momento”.
Luma e o filho Luiz Miguel, de um ano e meio, na brinquedoteca (laboratório do curso de Pedagogia)
Todas essas condições oferecidas fazem, na avaliação da futura pedagoga, o IFSP ser uma instituição de ensino diferenciada. “No meu primeiro dia de aula no IF, eu me emocionei ao ouvir o coordenador falando com tanto amor sobre uma educação que transforme a nossa realidade. É lindo ver uma educação libertadora sendo construída na prática. A nota 5 no MEC é resultado de muita luta coletiva por parte dessa equipe que faz o curso de Pedagogia existir, que convida os educandos a construírem um curso melhor”, finaliza a estudante.
A diversidade é, para Luciano, um ganho para o curso, composto, sobretudo, por mulheres na faixa dos 35 aos 40 anos, que não puderam fazer o curso superior quando mais jovens, porém acumularam experiências enquanto mães, cuidadoras, cidadãs e voltam aos bancos escolares depois de 10, 20 anos sem estudar formalmente para buscar na Pedagogia a realização de um sonho pessoal e profissional, almejando, assim, uma nova profissão para ascensão no mercado de trabalho.
Foi também na Licenciatura em Pedagogia em que o Câmpus Jacareí reconheceu o primeiro nome social de uma estudante travesti. “O curso é uma luta constante. Foi uma luta para existir, e continuamos lutando para resistir e nos reinventar”, emociona-se o coordenador.
Quando se fala de evasão e de empregabilidade, os números são ainda mais impressionantes. Apenas 5% dos ingressantes abandonam o curso no meio do caminho e a taxa de egressos empregados chega a 100%. “Tivemos de acelerar a defesa dos trabalhos de conclusão de curso da turma que se formou em 2021, pois todos os alunos que já haviam sido aprovados em concurso público aguardavam a nomeação ou esperavam a colação de grau para assinar contrato em escolas particulares”, revela.
Mas a avaliação máxima pelo Ministério da Educação não significa que o curso não tenha ajustes a fazer; indica que todos estão no caminho certo e que o trabalho árduo e incessante deve continuar para que mais pessoas tenham acesso à educação transformada e menos pessoas se sintam sobrecarregadas.
Uma das dificuldades a serem superadas é a falta de pedagogos trabalhando no curso, que hoje somam apenas quatro profissionais, o que acarreta em uma defasagem na relação de aluno de pedagogia por docente pedagogo, bem como no acompanhamento do estágio obrigatório e na orientação de pesquisas. “O resultado é que não conseguimos orientar o estágio com a qualidade que gostaríamos e não conseguimos orientar muita pesquisa, no entanto é evidente que nossos alunos, muitas vezes, querem pesquisar questões da natureza da Pedagogia”, analisa Márcia Soraya Teani, presidenta do Núcleo Docente Estruturante, apontando que essas questões apareceram na avaliação do MEC/INEP.
Para que o curso seja tão bem avaliado, mesmo com pendências a serem tratadas, os servidores, de uma forma geral, trabalham com muito afinco, mas, sobretudo, os docentes do curso carregam um peso excessivo, inviável a médio e longo prazo, examina Márcia. "Nosso corpo docente é excelente e a avaliação do MEC/INEP também demonstrou isso. Contamos com muita ajuda dos professores do núcleo comum. (…) Entendo que a nota cinco é fruto da qualidade e competência humana que temos no câmpus, mas a avaliação do MEC/INEP não é só um número, envolve também um relatório qualitativo. Além disso, participar desse processo nos levou a avaliar nosso curso e nossas condições”, afirma.
Se de um lado há servidores e funcionários terceirizados comprometidos e dedicados, mesmo com seguidos cortes orçamentário e de pessoal, do outro, estão os estudantes, os quais Márcia descreve como resilientes. “Permanecem estudando apesar de condições de vida muito difíceis, têm iniciativa, são participativos, politizados e inteligentes”, relata
Por fim, a presidente do NDE diz: “Precisamos valorizar o aspecto pedagógico do processo de reconhecimento e não nos dar por contentes porque atingimos a nota máxima. Nossas reflexões estão apenas começando.”
Atividade desenvolvida pelo Centro Academico de Pedagogia
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